A Comissão de Trabalhadores da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto
pediu esta segunda-feira uma "intervenção urgente" do Governo na empresa para
acabar com a "gestão danosa" do Conselho de Administração.
Numa carta aberta enviada ao secretário de Estado dos Transportes, Sérgio
Monteiro, a Comissão de Trabalhadores (CT) solicita a "intervenção de todos os
órgãos de fiscalização e soberania para colocar um fim à hiperatividade lesiva
aos interesses da STCP dos últimos três meses por parte desta administração em
gestão", lembrando que o seu mandato terminou a 31 de dezembro do ano
passado.
Contactada pela Lusa, a administração "desmente categoricamente todos os
pontos contidos na carta" e "apenas pode compreender e lamentar que a carta e o
seu conteúdo, totalmente inverosímil" tenha sido dada à comunicação social "no
âmbito das eleições para a CT", que decorrerão na quinta-feira.
"A STCP não pactua com manobras eleitorais e lamenta a tentativa de
manipulação da comunicação social que elementos recandidatos à CT fazem,
utilizando em benefícios pessoais um órgão importante como é a CT", acrescenta a
administração.
A administração adianta ainda "reafirmar a defesa intransigente e permanente
dos interesses da empresa", afirmando que "tal é demonstrado indubitavelmente
pelos resultados apresentados nos últimos anos que fazem da STCP a melhor
empresa de transporte público em Portugal".
A Comissão de Trabalhadores, por outro lado, considera "crucial" que as
contas e contratos celebrados pela administração sejam retificados pelo Tribunal
de Contas e órgãos de soberania "face às medidas lesivas que têm vindo a ser
adotadas" nos últimos meses.
Os trabalhadores criticam o facto do encerramento da atividade de exploração
de autocarros turísticos panorâmicos da empresa STCP Serviços ter ocorrido "um
mês antes de o administrador nomeado pela STCP abandonar o CA e no 'dia
seguinte' ser contratado pela empresa Douro Azul, iniciando um serviço com as
mesmas características".
"Todo este processo é, no mínimo, ética e moralmente atacável, sendo mais
grave quando tomado em final de mandato", afirma.
Também a assinatura de um contrato em final de abril com o operador privado
ETG, "com um conjunto de contrapartidas que vão para além das definidas pelo
Grupo de Trabalho nomeado pela Secretaria de Estado dos Transportes" é alvo de
críticas.
Os trabalhadores acusam ainda a administração de vender viaturas Mercedes por
um valor muito abaixo do valor de mercado "sem abertura de concurso ou anúncio
para venda", bem como criticam a STCP por estar a reparar motores por 25 mil
euros quando os mesmos motores novos e com garantia de 18 meses custam 11.500
euros.
A CT condena ainda "o silêncio da administração" na defesa da empresa,
"quando difundem aos sete ventos os bons resultados operacionais da Metro do
Porto, numa ação de clara promoção da empresa antes do anunciado processo de
fusão" da Metro e STCP.
"Este CT não compreende que não difundam na mesma informação que 66 por cento
do CA são quadros da Metro do Porto", sublinha.
Para a CT, "esta gestão revela-se danosa ao interesse dos dinheiros públicos
num claro favorecimento aos operadores privados e às justificações pouco
plausíveis dos resultados de gestão do próprio CA".
"O CA tem mostrado mais vitalidade nos últimos três meses do que nos seis
anos de mandato em plena funções", constatam os trabalhadores.
Fonte: Jornal de Noticias
Fonte: Jornal de Noticias
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