26/09/12

Um apelo civico...



Esta fotografia é de hoje.

E posso dizer que este autocarro ficou bloqueado, pelo menos, durante cinco minutos. Cinco minutos em que não pôde cumprir o horário, não pôde levar os passageiros ao seu destino. E tudo porque duas pessoas (dois automobilistas) quiseram, pura e simplesmente, deixar o seu carro (mal) estacionado, sendo que num dos lados estava em transgressão (tinha uma linha amarela).

É certo que o estacionamento é cada vez mais difícil de arranjar e mais caro. É certo que nem toda a gente, devido á sua profissão (necessidade de deslocações constantes, horários de trabalho incompatíveis com os serviços de transporte público, insegurança durante a noite) não pode deixar o carro em casa. Mesmo que seja a opção mais cara.

Mas também é certo que muito boa gente usa o automóvel e até poderia optar pelos transportes colectivos. Mas isso já é outra história. Cada um toma as opções que bem entender. Só não é admissivel é que o bem estar de uns seja o prejuízo de outros. E há atitudes que levam a que toda a gente fique a perder. E estacionar (mal) os automóveis na via pública, sobretudo quando passam autocarros e / ou eléctricos é uma dessas atitudes.

E como é que toda a gente fica a perder?

Vamos imaginar que alguém, como hoje, estaciona mal um carro, impedindo o autocarro de passar. Mesmo que seja por cinco minutos. Pois bem, esses cinco minutos significam atrasos, impedindo passageiros de chegar ao seu destino a tempo e horas. Esses cinco minutos podem ser cruciais para as pessoas que depois têm que tomar outros meios de transporte (metro, comboio, ou mesmo outro autocarro) e assim, não têm garantias que os conseguem apanhar a tempo e horas. E por vezes, a perda dessas ligações pode significar um atraso superior a cinco minutos, ou até mesmo um atraso de horas. E hoje todos nós sabemos que chegar atrasado à escola ou ao trabalho (sobretudo neste último caso) pode ser problemático. Pode significar a perda de um dia de salário. Ou então significa passar-se a ser um alvo fácil para um eventual despedimento que se tenha de fazer.

Também vamos imaginar que alguém estaciona mal um carro, mas em vez de uns cinco minutos, bloqueia o autocarro durante duas horas. Ora bem, para além daquilo que eu referi anteriormente, essas duas horas de bloqueio significa que o autocarro não consegue fazer mais viagens (pelo menos uma parte das viagens programadas para aquele dia), as pessoas que estão nos autocarros chegam ainda mais atrasadas aos seus destinos. Isto sem contar com todas as pessoas que estão à espera do autocarro nas paragens seguintes ao bloqueio - ficam sem uma viagem que lhes permita chegar a tempo e horas aos seus destinos.

Isto mesmo que depois seja colocado mais um autocarro para substituir o que está bloqueado e se desviam os outros por ruas alternativas, existirão sempre pessoas que não terão os seus autocarros atempadamente.

E isto gera frustrações, reclamações que os motoristas e restante pessoal da empresa ouvem (e registam) e insatisfação geral com o serviço. E se este tipo de coisas acontecer com frequência, é garantido que haverá sempre alguém que deixará o transporte público de lado e comece a usar o automóvel.

Ora isto significa que muito provavelmente, quem estaciona mal o carro poderá contribuir para que haja ainda menos espaço para estacionar, mais filas de trânsito, mais stress, mais acidentes. E combustíveis mais caros (mais procura significa aumento de preço) e lugares de estacionamento com um preço ainda mais alto para pagar.

Por outro lado, a STCP é uma empresa pública. Logo, é mantida não só com o dinheiro dos passes e bilhetes, como também com o dinheiro arrecadado com os impostos que todos pagamos. Será que alguém gostaria de manter, com os seus impostos, uma empresa ineficiente?

Com a crise que todos atravessámos a resposta seria óbvia: um rotundo e grande NÃO. E se afinal, grande parte da ineficiência da STCP se deve, de facto, ás atitudes menos próprias de alguns condutores que, (também) sendo pagadores de impostos, de certeza que não iriam gostar de os pagar a uma empresa ineficiente; qual seria a resposta que essas pessoas teriam para dar perante a sua atitude?

Não espero que da noite para o dia as pessoas mudem as mentalidades. Mas se pôr pelo menos uma pessoa a pensar nisto, já valeu a pena.

Fica o mote para a reflexão...


25/09/12

Adeus ZL, viva a 209!

A partir do dia 1 de Outubro, a STCP vai implementar uma mudança - importante - numa das suas linhas. A actual linha ZL (Zona Lordelo) terá um prolongamento do seu percurso e deixa de ser uma linha circular. Passará a ser a linha 209 (Prelada - Boavista). 

Retirado do Site da STCP.

Esta alteração visa servir os utentes do Hospital da Prelada, assim como os residentes nas áreas do Campo Alegre, Cidade Cooperativa da Prelada, Pasteleira e Mouteira. Também vai ser mais uma opção para as pessoas que trabalham e estudam nas faculdades instaladas no Campo Alegre.

Esta alteração vem ao encontro das solicitações de diversas entidades - Câmara Municipal do Porto, Junta de Freguesia de Ramalde, Hospital da Prelada - assim como dos utentes do Hospital e da Cidade Cooperativa. Esta linha, para além de servir estas localidades, permitirá uma maior acessibilidade a outros meios de transporte, como o Metro (dado que terá uma paragem no interface da Casa da Música).

O percurso terá oito quilómetros, com 21 paragens no sentido Pasteleira - Prelada, enquanto que no sentido contrário existirão 23 paragens. Contar-se-á com um tempo médio de 33 minutos em cada viagem, fruto da melhoria da rede viária e da existência de novas ruas. 

A linha funcionará todos os dias, entre as 6h45 e as 19h30. Terá frequências de 30 em 30 minutos (semana) e de 40 em 40 minutos (fim-de-semana).

14/09/12

Passes de Estudante

Setembro, mês do regresso ás aulas.

Mês em que muitos jovens, desde miúdos a graúdos, voltam aos bancos da escola. Os da Universidade também começam a regressar à rotina escolar, se bem que eles regressem em força mais para Outubro.

E é nesta altura do ano em que vemos que os comboios, as composições de metro, e os autocarros  a começarem a ficar mais compostos, cheios de gente para ir para as aulas.

E é também nesta altura do ano que os pais começam a fazer contas aos livros e materiais da escola. Mas também muitos pais fazem as mesmas contas e começam a tratar de outros assuntos, entre os quais o passe que permite aos filhos irem e virem das aulas. É aquele momento em que tem que se ir á secretaria da instituição de ensino, para depois entregar à empresa de transportes que depois ou emite um passe novo, ou renova o perfil do passe que os filhos (ou outros familiares) já têm.

E este ano, o Governo avançou com algumas novidades: os Passes 4_18 e os Passes sub23 passaram a ter regras mais rígidas para o seu acesso.

Mas, para ver como os tempos passam e as vontades mudam,  aqui mostro dois passes de estudante da STCP. Um dos finais dos anos 80 e outro do inicio deste século. 


Dois exemplos de passes de estudante da STCP.
 
Hoje, temos passes em que é obrigatório fazer-se a validação à entrada do autocarro. Mas como podem ver, antigamente não era assim. Todos os meses comprava-se o selo de cada mês. E à entrada do autocarro, bastava mostrá-lo ao motorista. Por vezes, uma ou outra pessoa mais esquecida podia entrar no autocarro com o selo do mês anterior. Posso dizer que a história nem sempre acabava com o pagamento de uma senha ou com a saída forçada (e pouco gloriosa) do infractor...

Por outro lado, hoje, um estudante pode andar onde quiser (desde que seja dentro das zonas por si escolhidas) e quando quiser (mesmo ao Sábado ou ao Domingo). Mas nem sempre foi assim. Os passes tinham inscritos os números das linhas. E não era por acaso. Correspondiam ás linhas que passavam próximo das escolas. Se dentro do Porto, podiam andar em qualquer linha da rede STCP, fora do Porto só mesmo nas linhas inscritas no passe, ou em linhas que tivessem um percurso comum com estas.

Por outro lado, utilizar o passe, só mesmo de Segunda a Sábado e dentro do período lectivo. Mas recordo-me que tinha um preço simpático, para a altura. Só era mesmo incómodo ter que ir ao Porto comprar o selo, até porque não havia o fenómeno das lojas Payshop, que permitem fazer carregamentos de tudo e mais alguma coisa.

Por isso, e para concluir, digo que pelo menos aqui no Porto, a vida dos estudantes está mais facilitada no que toca nos transportes. Resta mesmo saber se noutros capítulos a vida de estudante será assim tão "fácil"... 

PS: Para a elaboração deste artigo, agradeço a inestimável colaboração do prezado amigo Ricardo Taveira. Um bem-haja para ele.