Esta fotografia é de hoje.
E posso dizer que este autocarro ficou bloqueado, pelo menos, durante cinco minutos. Cinco minutos em que não pôde cumprir o horário, não pôde levar os passageiros ao seu destino. E tudo porque duas pessoas (dois automobilistas) quiseram, pura e simplesmente, deixar o seu carro (mal) estacionado, sendo que num dos lados estava em transgressão (tinha uma linha amarela).
É certo que o estacionamento é cada vez mais difícil de arranjar e mais caro. É certo que nem toda a gente, devido á sua profissão (necessidade de deslocações constantes, horários de trabalho incompatíveis com os serviços de transporte público, insegurança durante a noite) não pode deixar o carro em casa. Mesmo que seja a opção mais cara.
Mas também é certo que muito boa gente usa o automóvel e até poderia optar pelos transportes colectivos. Mas isso já é outra história. Cada um toma as opções que bem entender. Só não é admissivel é que o bem estar de uns seja o prejuízo de outros. E há atitudes que levam a que toda a gente fique a perder. E estacionar (mal) os automóveis na via pública, sobretudo quando passam autocarros e / ou eléctricos é uma dessas atitudes.
E como é que toda a gente fica a perder?
Vamos imaginar que alguém, como hoje, estaciona mal um carro, impedindo o autocarro de passar. Mesmo que seja por cinco minutos. Pois bem, esses cinco minutos significam atrasos, impedindo passageiros de chegar ao seu destino a tempo e horas. Esses cinco minutos podem ser cruciais para as pessoas que depois têm que tomar outros meios de transporte (metro, comboio, ou mesmo outro autocarro) e assim, não têm garantias que os conseguem apanhar a tempo e horas. E por vezes, a perda dessas ligações pode significar um atraso superior a cinco minutos, ou até mesmo um atraso de horas. E hoje todos nós sabemos que chegar atrasado à escola ou ao trabalho (sobretudo neste último caso) pode ser problemático. Pode significar a perda de um dia de salário. Ou então significa passar-se a ser um alvo fácil para um eventual despedimento que se tenha de fazer.
Também vamos imaginar que alguém estaciona mal um carro, mas em vez de uns cinco minutos, bloqueia o autocarro durante duas horas. Ora bem, para além daquilo que eu referi anteriormente, essas duas horas de bloqueio significa que o autocarro não consegue fazer mais viagens (pelo menos uma parte das viagens programadas para aquele dia), as pessoas que estão nos autocarros chegam ainda mais atrasadas aos seus destinos. Isto sem contar com todas as pessoas que estão à espera do autocarro nas paragens seguintes ao bloqueio - ficam sem uma viagem que lhes permita chegar a tempo e horas aos seus destinos.
Isto mesmo que depois seja colocado mais um autocarro para substituir o que está bloqueado e se desviam os outros por ruas alternativas, existirão sempre pessoas que não terão os seus autocarros atempadamente.
E isto gera frustrações, reclamações que os motoristas e restante pessoal da empresa ouvem (e registam) e insatisfação geral com o serviço. E se este tipo de coisas acontecer com frequência, é garantido que haverá sempre alguém que deixará o transporte público de lado e comece a usar o automóvel.
Ora isto significa que muito provavelmente, quem estaciona mal o carro poderá contribuir para que haja ainda menos espaço para estacionar, mais filas de trânsito, mais stress, mais acidentes. E combustíveis mais caros (mais procura significa aumento de preço) e lugares de estacionamento com um preço ainda mais alto para pagar.
Por outro lado, a STCP é uma empresa pública. Logo, é mantida não só com o dinheiro dos passes e bilhetes, como também com o dinheiro arrecadado com os impostos que todos pagamos. Será que alguém gostaria de manter, com os seus impostos, uma empresa ineficiente?
Com a crise que todos atravessámos a resposta seria óbvia: um rotundo e grande NÃO. E se afinal, grande parte da ineficiência da STCP se deve, de facto, ás atitudes menos próprias de alguns condutores que, (também) sendo pagadores de impostos, de certeza que não iriam gostar de os pagar a uma empresa ineficiente; qual seria a resposta que essas pessoas teriam para dar perante a sua atitude?
Não espero que da noite para o dia as pessoas mudem as mentalidades. Mas se pôr pelo menos uma pessoa a pensar nisto, já valeu a pena.
Fica o mote para a reflexão...